O comércio internacional está a ser afectado por múltiplas perturbações nas cadeia logística e de transportes. É um problema sobre o qual existem diversas explicações relativamente às causas que estão na sua origem, mas há «um facto incontornável: os transportes marítimos estão cada vez mais caros e os prazos para entregas mais irregulares. Com impactos cada vez mais sérios no comércio global, entre os quais a ruptura de abastecimento de produtos e materiais.
Um ano e meio depois de ter eclodido a crise pandémica na Europa, as perturbações na cadeia logística e no abastecimento de produtos mantém-se. […]. Numa altura em que a evolução dos fretes entre o Oriente — a “fábrica do mundo”, onde estão instalados os principais centros de produção — e o Ocidente regista aumentos mensais, a consultora Drewry, especializada no sector, divulgou que a taxa de variação anual de um frete entre Xangai, na China, e os portos da Europa atingiu valores astronómicos como os 556% para o porto de Génova, Itália, ou os 636% para o porto de Amesterdão no mês de Agosto.
“São valores alucinantes”, limita-se a confirmar Nabo Martins, presidente da APAT, a Associação dos Transitários de Portugal, que em declarações ao Público confidenciou ter pensado recentemente que “o mundo precisava de parar, durante pelo menos dois meses”. “Só os navios e os contentores é que iam para o sítio deles. E nós começávamos tudo do zero”, ironizou.
Admitindo que se trata de uma proposta irrealista, Nabo Martins lamenta as “proporções inimagináveis” que o problema assumiu, mais ainda quando os operadores de shipping têm vindo a reportar recordes históricos de facturação no primeiro semestre deste ano. As razões são as mesmas para todos: aumento da procura, aumento dos preços, e, ainda assim, os navios a circularem cheio. [….]»
Fonte: Jornal Público de 27/08/2021